Memórias Afetivas, exposição do Ateliê Moma, com curadoria e orientação de Rogério Morais Martins, é um mergulho em dois aspectos do ser humano. Ambos se complementam e permitem mergulhar na arte como um universo de interpretação do mundo que está além de eras imitações realistas ou simplistas representações simbólicas.
Por um lado, está a memória, ou seja, a capacidade de adquirir, armazenar e recuperar informações e fatos obtidos por meio de experiências relatadas por outros e/ou vividas pessoalmente. Por outro, há a experiência inata de sentimentos, emoções e humores em constantes transformações.
Dentro desses paradigmas, Ana Curioso penetra nos mistérios da natureza para trazer reflexões, pelas técnicas de sobreposição utilizadas, sobre a passagem do tempo e as lembranças que o acompanham. Janete Silvério, por sua vez, trabalha com o recorte dentro de uma perspectiva em que a união de fragmentos auxilia a conhecer melhor a essência do mundo.
Sally Barboza propõe uma estética do silêncio e do vazio em que mesmo os abraços surgem como solitárias expressões de um viver pleno de perdas e sem ecos. Silvia Marchetti traz, em contrapartida a emoção do gesto e a vibração da cor nos planos pictóricos, assim como bolsas, materializadas com impressora 3D, que dialogam com o consumismo, com o feminino e com a memória.
Rogério Morais Martins, ao coordenar esta exposição, também apresenta as suas imagens que remetem a pássaros e ícones de matriz indígena. O conjunto da exposição traz assim uma reflexão sobre o que guardamos na memória. Seja ou não com afeto, trata-se de uma presença do passado no presente que alicerça o futuro visual e vivencial de cada um de nós.
Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador.
